
Pequenas regras gramaticais e até mesmo a direção de escrita são suficientes para trazer enormes diferenças na forma como nosso cérebro funciona; algo que fica ainda mais claro quando fazemos uma comparação com os povos a nível global. Confira, a seguir, alguns dos fatos mais incríveis.
Fale inglês e culpe mais

Entretanto, a situação muda se você falar inglês. Nesse caso, sua resposta mais provável seria “meu irmão quebrou o copo”. Pode parecer uma questão cultural, mas na verdade é tudo uma questão gramatical.
O fato é que, de acordo com o The Wall Street Journal, pesquisas provaram que, na língua inglesa, o foco de uma frase tende sempre à pessoa que fez a ação, enquanto nas outras o ponto principal é aquele que a sofre.
Sem direções

Na Nicarágua, há um grupo de crianças surdas que tinha sua própria linguagem de sinais, esta desprovida de nomes para ambos os lados. Elas foram submetidas a um teste em que eram colocadas em uma sala, vendadas e giradas. Depois, deviam encontrar um objeto que haviam acabado de ver — e que tinha sido escondido no local.
O que seria ridiculamente fácil para outras pessoas se revelou uma tarefa hercúlea para os garotos. Sem a visão e nem uma referência do posicionamento anterior, eles não sabiam como localizar a si mesmos na sala, quem dirá o objeto. Para encontrar o item, foi necessário muito mais tempo e esforço que em uma situação normal.
Dando nome às cores

Para a maioria dos homens, isso parece apenas uma invenção das mulheres e dos fabricantes de tinta por pura diversão. E um estudo feito pela Associação Psicológica Americana prova que temos razões para isso: o fato é que conseguimos ver a cor, mas ela não fica registrada em nossas mentes.
O motivo? É porque o nome daquela cor não foi ensinado para nós. Homens normalmente aprendem apenas os tons mais comuns, como vermelho, verde e azul, enquanto mulheres costumam ser ensinadas por suas mães a diferenciar bege e ocre, por exemplo, desde pequenas.
Isso não quer dizer que homens são incapazes de diferenciar tons, apenas que, por saberem menos nomes, eles tendem a agrupar uma quantidade enorme de cores em uma única. Dessa forma, ao pedir para que ele compare um cartão gelo e um marfim, lado a lado, ele conseguirá perceber que não são iguais, mas ambos ainda são “branco” para ele.
Em outros lugares do mundo, a situação muda tanto para melhor quanto para pior. Primeiro, temos o caso de uma tribo da Namíbia: lá, a linguagem utilizada por eles agrupa as cores laranja, rosa e vermelho como uma. Do lado contrário, estão os turcos e russos que separam o azul em dois, se ele for mais claro ou escuro.
O tempo é relativo

A explicação para isso é bastante simples: pela forma como fomos ensinados a escrever, tendemos a enxergar o tempo como se estivesse começando na esquerda e terminando na direita. Isso causa um efeito bastante interessante quando vemos o caso do povo chinês. Sua língua, o mandarim, é escrita de cima para baixo; logo, a forma como eles enxergam o tempo é vertical.
A maneira como eles descrevem o passado e o futuro também é diferente da nossa. Enquanto nós falamos que algo está “para trás” e “por vir” ou até mesmo “ontem” e “amanhã”, eles dizem que tudo está “acima” e “abaixo”, respectivamente.
Indonésios, o povo fora do tempo
Como se a diferença acima não fosse bizarra o suficiente, há também o caso dos indonésios, cuja linguagem é completamente desprovida de tempo verbal; seja passado, presente ou futuro. Pode parecer que isso não faz grande diferença, além de deixar as conversas deles muito próximas do que foi visto em “Tarzan”, mas a repercussão é enorme.Prova disso foi um teste feito pela Universidade de Stanford. Nele, três imagens eram mostradas para um grupo de indonésios, onde um jogador jogava futebol: na primeira foto, ele estava se aproximando. Na segunda, ele chutava a bola. E na terceira, ela já estava “voando”.

Objetos e suas vozes
Se o teclado de um computador falasse, que voz você acha que ele teria? De um homem ou de uma mulher? Provavelmente pensou na primeira opção. E no caso de uma cama? Aqui, a resposta deve ser contrária. O motivo disso está no gênero do artigo que usamos na palavra – para aqueles que não estão em dia com a gramática, são “a”, “o”, "um", "uma" e seus plurais, que aparecem antes de um sujeito.De forma simples, se ele está no masculino, o objeto é “macho”; se está no feminino, é “fêmea”. Isso afeta, inclusive, os adjetivos que usamos para os itens, que podem ganhar características fortes, ou delicadas, de acordo com o gênero que damos para eles.

Aqui começa a parte realmente confusa: assim como nos itens anteriores, as regras mudam de acordo com a linguagem usada. Se você estiver na França, um garfo – que lá tem o nome feminino fourchette – ganha uma voz de mulher; já na Espanha, onde ele é chamado el tenedor, o utensílio ganha uma voz masculina.
Por fim, há também o caso dos ingleses e americanos. Nesses países, eles tendem a dar adjetivos neutros porque, diferente dos exemplos citados anteriormente, sua língua não possui artigos masculinos ou femininos quando está se referindo a objetos, por exemplo – não há tradução equivalente em português para justificar o fato. Para esclarecer, podemos citar o artigo “the”: pense que “the pen” poderia significar tanto “a caneta” quanto “o caneta” em nossa língua materna. Confuso, não?