Pense em um cientista bem-sucedido, só que ao contrário. Neste exato
momento, milhares de professores e pesquisadores estão coordenando pelo
mundo uma série de estudos visando melhorar a nossa vida ou mesmo
entender melhor algumas situações existentes no planeta.
Entretanto, apesar de todo esse trabalho merecer crédito e respeito,
não há como negar que muitas pesquisas têm utilidade questionável e os
resultados acabam sendo curiosos ou até mesmo bizarros. Para eleger os
piores trabalhos da comunidade acadêmica, desde 1991 foi instituído um
prêmio oposto ao Nobel, considerado o mais importante do mundo.
Trata-se do
Ignobel,
que “premia” trabalhos em diversas categorias, como Física, Química,
Biologia, Literatura, Linguística e Medicina, desde que eles se
destaquem pela sua inutilidade ou premissa de relevância questionável. O
Tecmundo selecionou alguns dos vencedores mais curiosos ao longo das
duas décadas de premiação.
Prêmio Ignobel de Biologia
Se você gosta de animais de estimação, não pode deixar de saber sobre
esse dado relevante. As pulgas que vivem nos cães pulam mais alto do
que as que vivem nos gatos. Agradeça aos biólogos Marie-Christine
Cadiergues, Christel Joubert e Michel Franc pela descoberta que
certamente vai mudar a maneira como você cuida dos seus animais de
estimação.
Prêmio Ignobel de Fisiologia
Neste ano, o quarteto Anna Wilkinson, Natalie Sebanz, Isabella Mandl e
Ludwig Huber recebeu o prêmio Ignobel de Fisiologia por um estudo
bastante relevante. O trabalho, intitulado “Não evidência de bocejo
contagioso dos jabutis” provou que, diferente do que acontece com os
seres humanos, quando um jabuti boceja os demais que estão à volta não
sentem vontade de repetir o comportamento.
Prêmio Ignobel de Física
A observação atenta é um dos pilares da ciência moderna. As
pesquisadoras Lianne Parkin, Shiela Williams e Patricia Priest, todas da
Universidade de Otago, na Nova Zelândia, deviam estar com tempo
sobrando quando tiveram a ideia de um novo trabalho. Elas constataram
que os caminhos para pedestres recobertos com gelo, ao menos no inverno,
apresentam menor taxa de quedas e escorregamentos para quem usa meias
por cima dos sapatos.
Prêmio Ignobel de Linguística
Você consegue distinguir gravações em japonês e holandês quando são
tocadas de trás para frente? Talvez você seja um prodígio e consiga
fazer isso, mas o fato é que os ratos não conseguem. Foram necessários
três estudiosos para chegar a essa conclusão em 2007. “Troféu Joinha”
para Juan Manuel Toro, Josep B. Trobalon e Nuria Sebastian-Galles.
Prêmio Ignobel de Literatura
O norte-americano John Trinkaus, da Zicklin School of Business, é um
gênio incompreendido que mereceu o prêmio pelo conjunto de sua obra. Ele
publicou nada menos do que 80 trabalhos acadêmicos de relevância ímpar
para a humanidade. Entre os temas, Trinkaus fez estudos sobre a
porcentagem de jovens usando bonés com aba para trás em vez da frente,
número de estudantes que não gostam de couve-de-bruxelas e quantidade de
pedestres com tênis brancos em vez de calçados de outra cor.
Prêmio Ignobel de Medicina
Francis M. Fesmire, da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos,
realizou um estudo que concluiu que é possível interromper soluços
incuráveis apenas fazendo massagens com um dedo na região retal. O
estudo repercutiu tanto que Majed Ohed, Harry Bassan e Arie Oliven,
todos do Bnai Zion Medical Center de Israel, decidiram colocar o dedo na
história e ampliar a pesquisa. Prêmio para todos eles.
Prêmio Ignobel de Medicina Veterinária
Mimosa, Jujuba, Leiteira e Malhada. Se você é criador de gado, saiba
que as vacas que têm nome produzem mais leite do que as que não foram
batizadas pelos seus donos. A conclusão é de uma pesquisa realizada
pelos veterinários Catherine Douglas e Peter Rowlinson, ambos da
Universidade de Newcastle, no Reino Unido. Eles receberam o prêmio em
2009.
Prêmio Ignobel de Psicologia
Ampliar as opções culturais para a população é uma preocupação nobre
para todos os governantes. Os pesquisadores Shigeru Watanabe, Junko
Sakamoto e Masumi Wakita, da universidade japonesa de Keio, decidiram
incluir os pombos na lista daqueles que merecem atenção especial. Eles
foram bem-sucedidos em treinar as aves para distinguir pinturas de
Picasso e Monet.
Prêmio Ignobel de Química
Segundo Edward Cussler, da Universidade de Minnesota, e Brian
Gettelfinger, da Universidade de Wisconsin, uma dúvida cruel incomodava a
comunidade científica: as pessoas nadam mais rapidamente na água ou no
melado? Para sanar essa dúvida eles fizeram um estudo que foi...
Inconclusivo.
Prêmio Ignobel da Paz
A humanidade pode ficar mais tranquila graças ao trabalho dos
pesquisadores Richard Stephens, John Atkins e Andrew Kingston, da
Universidade de Keele, no Reino Unido. Eles conduziram um estudo que
comprovou o seguinte: falar palavrões alivia a dor. Por isso, não se
reprima, encha o peito e solte a voz quando não se sentir bem. A
pesquisa rendeu a eles o prêmio máximo em 2010.
Já Claire Rind e Peter Simmons, da Universidade de Newcastle,
receberam a honraria máxima em 2005 depois de submeter uma lagosta a
assistir a uma seleção com os melhores momentos da série “Star Wars”.
Durante o processo, a dupla realizou o monitoramento cerebral da lagosta
para ver como o crustáceo reagia às aventuras de Luke Skywalker e Darth
Vader.